domingo, 7 de fevereiro de 2010

Relatório do filme - "A Vida é Bela"

“A vida é Bela” é um daqueles filmes que já se tornaram de culto, aqueles obrigatórios que toda a gente tem de ver nem que seja só uma vez.
Conta a história de Guido, um simpático e divertido Judeu. Em Itália nos finais dos anos 30, Guido apaixona-se por Dora (minha princesa), uma professora que tem uma relação com um funcionário local. Guido, porém, não desiste de conquistar a sua bem-amada, e, em plena cerimónia de noivado os dois fogem num cavalo branco, tal como nas histórias de princesas, com a particularidade deste estar pintado de verde e dizer “ Cuidado! Cavalo Judeu! “. Durante alguns anos vivem felizes, Guido sendo uma figura impar, uma figura única, o filme muda assim de acção tem uma síntese narrativa, andamos 5 anos para a frente onde Guido e Dora são felizes com o filho Josué, um miúdo muito querido que tem uma terrível aversão a tomar banho. Tudo corre bem até ao dia em que pai e filho são levados para o campo de concentração e Dora decide acompanhá-los, fazendo o comboio parar. Guido e Josué ficam juntos durante todo o tempo e Guido consegue convencer o filho, de forma bastante engenhosa, de que estão num campo de férias a jogar um jogo e que o prémio final é um tanque ( o brinquedo favorito do menino ), mas um tanque a sério. Com este filme, Roberto Benigni alcançou a proeza de nos pôr a rir com um dos períodos mais negros da História, o Holocausto. Consegue contar uma história á partida trágica num tom cómico, sem descambar para pieguices nem nada do género. Mostra-nos como o espírito humano pode ser grande, como somos capazes de nos sacrificarmos por aqueles que mais amamos simplesmente para não os fazer sofrer e para sermos premiados nem que seja com um simples sorriso. Por outro lado mostra-nos o reverso da medalha; como uma pessoa se pode tornar fria, má e mesquinha, completamente alheia ao que se passa á sua volta, com os outros, perdida com os seus (pequenos) grandes problemas, sem se aperceber que não é o único que sofre, e que se calhar os seus problemas não são nada comparados com os de muito boa gente. Nunca mais me esqueço de uma cena simples mas que marca em que o Guido está a servir á mesa no campo de concentração, na festa dos nazis e está a tentar falar com o médico alemão, amigo dele (pensava ele). Quando finalmente conseguem falar, o alemão com uma tremenda aflição pede-lhe ajuda para resolver uma charada complicadíssima que ele não consegue resolver sozinho e que por isso já nem dorme tal o desespero! Bem, como é possível? Como é que se pode comparar uma charada com uma vida humana? Será que o médico vivia tão alheado da realidade que não se apercebia do que se passava é sua volta? Será que não se apercebia de que a ultima coisa que interessava a Guido naquele momento era resolver uma charada, quando tinha a sua própria vida, a da mulher e a do filho em risco? Eu sei que é só um filme, mas quem me diz a mim, que não aconteceram cenas destas na vida real? É isto que mexe com os nossos sentimentos, com as nossas emoções. A par disto tudo a figura de Josué é a inocência e a pureza elevadas até á ultima escala. É a lembrança de que ainda existem coisas boas no mundo.
O filme é fantástico e completamente obrigatório, principalmente por causa de Roberto Benigni, que tem certas cenas (quando se passa por inspector escolar ou quando está a fazer a tradução do soldado alemão, por exemplo), que são completamente hilariantes!
Tem uma imagem muito boa, para o tipo de filme que é, e o que retrata exactamente, uma atenção espetacular para todos os permenores, todo o som é muito bom, é sem dúvida um filme que mexe com sentimentos pelo menos falo por mim.

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